4 poemas na diVersos n.º 38
Com diversos outros motivos de interesse, o n.º 38 da série DiVersos – Poesia e Tradução destaca em capa uma antologia de 40 páginas do poeta brasileiro Dante Milano (1899-1991), pouco conhecido em Portugal (e também no Brasil!), um dos maiores poetas brasileiros do século XX.
Dele disse o poeta Carlos Drummond de Andrade, esse bem conhecido em ambos os lados do Atlântico:
««A popularidade nada tem a ver com a poesia. A popularidade pode acontecer. Mas um grande poeta pode também passar despercebido. Temos um
poeta de quase noventa anos que mora em Petrópolis e ninguém o conhece. Ele é da geração modernista, um grandíssimo poeta. Chama-se Dante Milano. […] É um poeta de extraordinária qualidade que não tem a mínima popularidade. Se você perguntar a um estudante quem é Dante Milano, ele não sabe. Se perguntar quais são os melhores poetas brasileiros, ele não inclui Dante Milano. A popularidade então não tem a menor importância.» (1987)
Adiante (no texto do sumário), inserimos alguns elementos complementares sobre este número da DiVersos – Poesia e Tradução, que pode ser diretamente encomendado ao editor através do email: jcdcm@sapo.pt O custo por exemplar é de €12,00, portes a cargo do editor.
Também pode ser obtido por compra ou encomenda através de algumas livrarias, nomeadamente: em Cabeceiras de Basto, Livraria Inquietação; em Braga, Livraria Centésima Página; no Porto, livrarias Poetria, Modo de Ler, Flâneur, Unicepe e Térmita; na Figueira da Foz e Coimbra, Miguel de Carvalho; em Tomar, Nova Livraria Marta Godinho; em Lisboa, livrarias Sistema Solar, Poesia Incompleta, Letra Livre, Tigre de Papel, Snob e Snob na Brotéria; em Lisboa e Nova Iorque, Richard C. Ramer Old & Rare Books.

No Sumário do mesmo n.º 38, pode ler-se:
O que o editor gostaria desde já de realçar é que, ao destacar em capa o poeta Dante Milano, cumpre um desiderato que se prolongou desde há vários anos. Veja-se porquê mais adiante, na rubrica Do Editor.
Dante Milano, poeta demasiado grande para poder ser popular, e talvez por isso tão largamente ignorado em Portugal, onde foram populares grandes poetas brasileiros, como Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Jorge de Lima, que apesar de populares foram sem dúvida grandes.
Também do Brasil, chega-nos um novo livro, Iniciações, de Anderson Braga Horta, de que selecionámos alguns poemas, a que Ronaldo Cagiano chama prosoemas ou mininarrativas em clave de poesia. De Braga Horta, tínhamos já, no n.º 23 da DiVersos em dezembro de 2015, inserido uma seleção de poemas que retirámos do seu livro 50 Poemas Escolhidos pelo Autor.
Ainda do Brasil (ou não tivesse a DiVersos procurado estar quanto possível atenta à poesia brasileira), selecionámos alguns poemas de Elisa Andrade Buzzo (já antes presente nos n.ºs 11, 19, 27 e 36), do seu recente O Livro de Sagres. Há vários anos a estudar e investigar em Lisboa, Elisa é uma firme amiga da DiVersos, para a qual, ao longo dos anos, encaminhou vários jovens autores e tradutores. Neste novo livro, filtrada pelo olhar de uma paulistana e do que teriam sido os portugueses de Quinhentos, surge com força a paisagem do sudoeste algarvio, a verdadeira protagonista de O Livro de Sagres.
Este número da DiVersos apresenta, como tradução de poesia: Edna St. Vincent Millay, traduzida do inglês norte-americano dos Anos 1920, por João Vilhena; Ekaterina Kancheva, traduzida do búlgaro por Zlatka Timenova; Fady Joudah, filho de refugiados e escrevendo em inglês, médico palestiniano residente nos Estado Unidos, numa curva da história especialmente dolorosa. Há também três poemas de Rainer Maria Rilke traduzidos do alemão por Maria do Sameiro Barroso. Pela mão de Nicolau Saião, chega até nós o poeta surrealista croata Radovan Ivsic.
Noutros sentidos da tradução, Bernardette Capelo escreveu em francês as Scènes d’Enfants, que, a nosso pedido, traduziu para português. Neste número, sai a II parte da miniantologia de Gonçalo Salvado. Nela integram-se poemas seus traduzidos em espanhol, árabe e hebraico. Esta última língua figura pela primeira vez na DiVersos.
Em língua portuguesa, além dos já referidos Dante Milano, Anderson Braga Horta e Elisa Andrade Buzzo, temos desta vez uma celebração de Camões por Cristino Cortes; poesia de Francisco José Craveiro de Carvalho, mais assíduo como tradutor e que como tal nos traz Dag Hammarsköld, cuja obra póstuma em sueco, Vägmarken, foi traduzida para o inglês por W.H. Auden, sob o título Markings. Na versão portuguesa de Francisco José Craveiro de Carvalho, foram escolhidas algumas dezenas dos haiku constantes da obra.
Tendo publicado já poesia em livro, quase todos mais de uma vez, temos paulo da costa, nascido em Angola, formado em Portugal e há muitos anos radicado no Canadá, e por várias vezes já incluído na DiVersos. Figuram pela primeira vez Freire Falcão, Gil de Carvalho, Ilda Hopp, João Pedro Mésseder, Jorge Velhote, José Viale Moutinho, Nunes da Rocha, Ricardo Álvaro e Tiago Alves Costa, português de Famalicão radicado em Barcelona e que vai trazer-nos versões do galego e do catalão para um próximo número.
No final deste número, na página 169, encontra-se a rubrica Correio dos Leitores, que retoma o tema da «tradução automática», já abordado no n.º 37. A seguir, como habitualmente, situa-se a rubrica Publicações Recebidas.
O editor,
José Carlos Costa Marques