Poesia
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tão longe, tão perto
tão longe, tão perto à B.Q. e à A.D. o peso da tua cabeça exerce pressão no meu peito, a respiração é forçada após uma estrofe sobre “amantes que partiram um amor de porcelana rechonchudo como a baleia,” e, apesar da tua mão descansar na minha coxa moves-te como se acordasses de um sonho onde poderias ter estado com outro qualquer. todavia encorajas-me a prosseguir, há meses que peço bocas emprestadas, as minhas palavras secaram no poço dos anseios. imagino que uma palavra tece os teus sonhos, caudal que nunca secará – “não pares, adoro o sussurrar da tua voz” – a facilidade com que pronuncias o amor…
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sem raízes
sem raízes I. plantas do pé sem raízes solidamente assentes entre árvores de unha-de-cavalo o peso do corpo cunha a sua própria cama aí a chuva se congregará II. quente e macia a terra é a pele amante que recorda o meu peso após a partida (…) excerto ©paulodacosta de: notas de rodapé, LPD 2012 Livro ou ebook vendido pelas Livrarias da Amazon nos EUA GB Espanha Alemanha
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efêmero
paulo da costa (tradução de Mauro Faccioni Filho, Brasil) passo a passo cavo vales sob cada pisada a formiga escala montanhas de areia recém erguidas esta é a força a moldar o mundo cada pernada, junto da areia molhada vai mais fundo, dura o mais breve momento como uma onda estende sua língua acariciando a praia e pegadas deixam-me como se eu nunca tivesse caminhado aqui sem título paulo da costa (tradução de Mauro Faccioni Filho, Brasil) gota a gota uma garoa surge leve, quase amável, sufocante céu, o ruído de um homem ou uma mulher lutando querendo ir pro sul ali bem perto de uma…

